Já falamos anteriormente sobre a estrutura de 3 atos. Agora vamos nos aprofundar um pouco mais em cada um deles.
Quem quiser ainda mais informações eu recomendo o livro Write Great Fiction – Plot & Structure do James Scott Bell.
O Ato 1 tem algumas funções a cumprir. Uma das principais é fisgar o leitor.
Existem milhões de livros que seu leitor poderia estar lendo. Então quando ele abrir seu livro, você tem que causar uma boa primeira impressão rápido ou ele vai deixá-lo de lado. Algumas formas para causar essa boa primeira impressão são:
– Linha de abertura
Alguns romances conseguem fisgar o leitor logo na primeira frase. A maioria dele tem algumas características em comum.
Colocar o nome de um personagem é uma técnica comum. Ela causa uma sensação de verossimilhança e identificação no leitor. Um pronome para se referir ao personagem também é comum.
Outra coisa é mostrar que algo ameaçador ou perigoso está acontecendo ou prestes a acontecer ao personagem. Dê ao leitor a sensação de movimento já na primeira frase da sua história.
Se você começar com uma descrição você criará no leitor uma sensação estática. Isso é muito comum em livros do século XIX, mas dificilmente agrada os leitores de hoje.
Um grande exemplo de uma frase de abertura brilhante: “Certa manhã, ao despertar de sonhos intranqüilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”. A Metamorfose, de Kafka
– Ação
Uma técnica de escrita que vem desde a Grécia Antiga (sim, a Ilíada começa assim) é começar uma história in medias res. Consiste em jogar o leitor já no meio da ação, e mais tarde, quando ele já estiver interessado, você explica como os personagens chegaram naquela situação.
– Emoções Cruas
Outra forma de fisgar rápido o leitor é começar o livro com o seu personagem principal experimentando algum sentimento universal bem forte.
– Olhando para trás
Uma forma de capturar a atenção dos leitores é narrando brevemente alguma situação importante que começou no passado. Veja um exemplo de Stephen King em :
“O terror, que não acabaria nos próximos vinte anos – se é que pode acabar algum dia – começou, até onde posso me lembrar, com um barco feito feito com uma folha de jornal boiando na sarjeta com a chuva.”
– Prólogos
Vários autores veneram o uso do prólogo por diferentes motivos. Mas o prólogo mais eficiente tem uma única função: seduzir o leitor a continuar para o capítulo 1.
As regras para um bom prólogo são praticamente as mesmas já vistas até agora.
* Prólogo de ação
O prólogo de ação, muito usado em suspenses, começa com uma grande cena, que geralmente envolve morte. Então o capítulo 1 começará com o enredo principal.
O protagonista do livro pode ou não estar envolvido no prólogo de ação.
O prólogo não precisa se nomeado prólogo. Você pode chamá-lo capítulo 1 e começar a história de verdade no capítulo 2.
* Teaser
Usado raramente em livro, mas frequentemente no cinema, consiste em mostrar no prólogo uma cena que acontecerá mais tarde no livro. Assim você agarra o leitor com a ação.
Você não deve descrever a cena toda, mas parar no momento crucial, deixando o suspense em aberto até chegar realmente na cena.
Alguns escritores são contra o uso de teaser porque ele não adiciona nada para o enredo. Porém, se ele conseguirem fisgar o leitor, estará fazendo seu trabalho.
Ele pode ser escrito com as mesma palavras que você usará no meio do romance ou pode ter algumas alterações.
Logo mais falaremos mais sobre outras funções do Ato 1.
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