O psicólogo Lawrence Kohlberg teorizou que o desenvolvimento moral possui seis estágios identificáveis. Cada um deles ajuda a pessoa a responder a um dilema moral. Mesmo que não seja uma teoria unanimemente aceita, ela pode ajudar bastante com a criação de personagens.
Acredita-se que esses estágios não sejam produto da socialização e imposição social, mas de reflexão pessoal sobre problemas morais. Situações sociais então nos levariam a problemas sobre os quais precisamos pensar nós mesmos e aprender a partir disso. Podemos aprender e nos desenvolver também através de conversas e debates com outras pessoas que nos levarão a analisar diferentes visões.
Esses estágios representam o nível de fatores que levamos em consideração para tomar decisões, e não necessariamente a decisão em sim.
Esses estágios foram então classificados e 3 níveis, com dois estágios em cada.
Vamos usar um caso que era empregado com as pessoas entrevistadas pelo Dr. Kohlberg como exemplo: “Uma mulher está morrendo e existe um remédio que pode salvá-la. O farmacêutico gastou 200 reais para produzi-lo e está vendendo por 2.000 reais. O marido da mulher fez tudo o que pôde e só conseguiu 1.000 reais. Ele deveria arrombar a farmácia e roubar o remédio?”
Nível 1 – Pré-convencional
O indivíduo está preocupado apenas consigo mesmo. Se baseia em punição, recompensa, e não ser pego fazendo coisas erradas.
Estágio 1 – Orientação a obediência e punição
A pessoa acredita que autoridades poderosas tem um conjunto de regras fixas que as pessoas precisam seguir sem questionar. Nesse estágio a preocupação é com o que as autoridades permitem ou punem. Eles seguem as leis cegamente sem questionar.
Exemplos: “Ele não deveria roubar porque iria para a cadeia” ou “Ele deveria roubar porque o farmacêutico cobrou muito”.
Estágio 2 – Individualismo e troca
A pessoa percebe que diferentes pessoas possuem diferentes visões da vida e acreditam que o indivíduo tem o direito de ir atrás dos seus interesses. Certo e errado são determinados pelo desejo. A pessoa nesse estágio não se preocupa muito em como agir desde que ela se sinta bem e não seja pega.
Exemplos: “Ele deveria roubar porque se sentiria bem salvando a esposa, mesmo se for para a cadeia” ou “Ele não deveria roubar porque a prisão é um lugar horrível, e ser preso é pior que perder a esposa”.
Nível 2 – Convencional
Julgam as ações dependendo das convenções sociais. Há uma aceitação da moralidade convencional.
Estágio 3 – Boas relações interpessoais
A maioria das pessoas atingem esse estágio na adolescência. Elas acreditam muito nas expectativas dos outros. Sentimentos interpessoais como amor, confiança e preocupação são um fator essencial. Eles romanceiam a vida, acreditando nas leis e regras, mas sempre vendo exceções baseadas na “boas intenções”.
Exemplos: “Ele deveria roubar porque assim seria um bom marido” ou “Ele não deveria roubar porque não seria uma pessoa de bem se o fizesse”.
Estágios 4 – Manutenção da ordem social
Nesse estágio a pessoa começa a entender a sociedade como um todo e se foca em obedecer as leis e manter a ordem a qualquer custo. São as pessoas que costumam dizer “Mas e se todos começassem a quebrar as leis?”. Ele se comporta de forma similar as pessoas no estágio 1, mas não porque temem a punição, mas porque vêem o todo e se preocupam com a ordem social.
Exemplos: “Ele deveria roubar mas depois aceitar a punição devida pelo seu crime” ou “Ele não deveria roubar porque a lei proibi”.
Nível 3 – Pós-Convencional
Começa a surgir a percepção de que os indivíduos são separados da sociedade, e que a visão individual pode tomas precedência sobre a ordem social. As regras devem ser obedecidas (ou não) com base em justificativas universais.
Estágio 5 – Contratos sociais e direitos individuais
Assim como o estágio 4, esse também olha para a sociedade como um todo, mas se preocupam também em como fazer a sociedade melhor. O foco está na responsabilidade social, em como mudar leis injustas, ser democrático. Eles seguem e protegem as leis, até que elas pareçam injustas e precisem ser mudadas.
Exemplos: “Ele deveria roubar porque a vida é mais importante que a lei” ou “Ele não deveria roubar porque o cientista tem o direito de ser recompensado pelo seu trabalho”.
Estágio 6 – Princípios Universais
Nesse estágio, embora todos tenham direitos universais, começasse a olhar para diferentes grupos e preocupar-se com as diferentes necessidades. É necessário entender o ponto de vista das outras pessoas, mesmo das minorias. Como no romance O Sol é Para Todos: “Não julgue outra pessoa até ter caminhado uma milha com os seus sapatos.”
Exemplos: “Ele deveria roubar porque salvar uma vida é mais importante que o direito de propriedade” ou “Ele não deveria roubar porque outra pessoa pode precisar do remédio e todas as vidas são igualmente importantes”.
Assim, embora provavelmente seja entediante passar longos períodos do seu livros com o personagem pensando sobre seus dilemas morais (ou talvez não), é bom ter um guia para ajudar o personagem a tomar decisões – que podem muitas vezes ser diferentes das que você, como escritor, tomaria. Também é uma ferramenta para mostrar o crescimento do personagem durante a história, levando-o de um estágio para o próximo.
Bastante interessante esse topico, estava procurando informacao sobre direito de criacao e sem querer achei vc, ja vi outros topicos interessantes, estou em processo de reformulacao criativa, e buscando aprender a escrever de forma interessante, enfim, te digo que ganhou um seguidor.
Muito obrigada Leo! Espero vê-lo por aqui mais vezes!