Continuando a série de posts “Usando a psicologia para criar personagens mais reais”, vamos falar hoje sobre a Teoria dos Esquemas.
Nessa teoria, o que pensamos e sentimos, com relação a nós mesmos e ao mundo ao nosso redor, é definido por esquemas. É como se nossa mente fosse um fichário e os esquemas fossem pastas cheias de arquivos. Nós começamos a vida com muito poucos arquivos e vamos preenchendo-os com o passar do tempo. Quando mais experiências/arquivos nós colocamos em uma pasta específica mais nós reforçamos aquele esquema.
Foram listados então 18 esquemas mal adaptativos, que são encontrados em todas as pessoas em alguma quantidade, mas cujos extremos podem causar problemas. Eles são classificados em 5 domínios:
Desconexão ou Rejeição
– Abandono: um constante sentimento de perda de pessoas próximas, a pessoa pode se tornar obsessiva e acreditar que todos a abandonam.
– Desconfiança/abuso: a pessoa não confia nos outros porque todos vão tirar vantagem dela. Elas resistem em compartilhar seus pensamentos e sentimentos.
– Privação emocional: a pessoa se sente deprimida e solitária, e espera que os outros a sua volta a entendam e cuidem dela. Ela sente falta de amor.
– Defectividade/vergonha: essas pessoas se sentem inferiores e sem valor e por isso sentem vergonha de seus pensamentos. Costumam permitir que outros a achem sem valor também.
– Isolamento social/alienação: se sentem diferente das outras pessoas, sejam por terem algum talento especial, ou por fazerem parte de alguma minoria. Eles costumam evitar outras pessoas.
Autonomia e Desempenho Prejudicados
– Dependência/incompetência: define pessoas infantis e desamparadas, que se sentem incapazes de tomar decisões e se cuidarem sozinhas. Precisam de ajuda e conselhos constantes e se recusam a aceitar responsabilidades.
– Vulnerabilidade para ferimentos ou doenças: pessoas que acreditam que uma catástrofe acontecerá a qualquer momento, elas sentem que algo ruim, além de seu controle acontecerá e não há nada que possam fazer a respeito. Essas pessoas costumam evitar as coisas e mutias vezes desenvolvem fobias.
– Enredamento/ego mal desenvolvido: essas pessoas fundem sua identidade com a de alguém que é importante para elas e acreditam que não podem sobreviver sem essa outra pessoa, sentindo-se culpadas se forçarem uma separação.
– Fracasso: quando a pessoa acredita que falhou em conquistar algo em alguma área de sua vida ela pode se sentir inadequada comparada a outros. Essas pessoas podem simplesmente desistir ou se esforçar excessivamente para compensar.
Limites debilitados
– Grandiosidade: pessoas que se sentem especiais, melhores que os outros, e merecedoras de privilégios especiais. Costumam tentar controlar os outros para conseguirem o que desejam. São competitivas, esnobes e dominadoras.
– Autocontrole ou auto-disciplina deficiente: engloba pessoas impulsivas, que não conseguem controlar suas emoção, e pessoas que não toleram tédio e frustração em prol de conquistar seus objetivos. Não conseguem adiar uma satisfação momentânea para conseguiram um objetivo de longo prazo.
Direcionado a outros
– Subjugação: permite que outras pessoas a dominem, pois temem uma punição ou abandono.
– Auto-sacrifício: similar à subjugação, essas pessoas colocam as necessidades de outras pessoas acima das suas, mas não por medo, mas porque se sentem bem com isso. Muitas vezes se sentem frustradas quando não recebem nenhum reconhecimento ou retribuição pelos seus atos.
– Busca por reconhecimento: pessoas que colocam muita ênfase em conseguir aprovação ou crédito, se preocupam mais com a reação dos outros que com as suas.
Excesso de vigilância e inibição
– Negatividade: a pessoa se foca nos pontos negativos e minimiza os positivos.
– Inibição emocional: pessoas excessivamente inibidas em expressar suas emoções, costumam parecer desinteressadas, frias, muito controladas e sem espontaneidade.
– Padrões irreais: são perfeccionistas e viciadas em trabalho, com padrões e expectativas irreais. Costumam se pressionar demais, pois para elas, 99% significa falha.
– Punitividade: essas pessoas acreditam que todos, incluindo elas mesmas, precisam ser severamente punidas quando cometem alguma falta. São moralistas, intolerantes e não perdoam.
A Teoria dos Esquemas também trata de como as pessoas reagem quando confrontadas por esses esquemas: supercompensação, anulação ou rendição, relacionados aos instintos de lutar, fugir, ou congelar.
– supercompensação: as pessoas sentem e agem como o oposto dos esquemas adquiridos previamente.
– anulação: elas não reconhecem os esquemas e agem como se ele não existisse.
– rendição: a pessoa não luta contra o esquema nem o evita, apenas sofre com ele.